dezembro 26, 2005

bridging the gap

umas horas para conseguir preencher um vazio de 15 anos. para partilhar recordações da infância passada em comum no lugar de onde saí há muito. para rir de traumas passados e de fotografias esquecidas. para discutir medos e anseios comuns a quem chegou ao fim do primeiro quarto de século. para explicar preocupaçõies acerca do mundo moderno, desilusões com a incerteza da vida. para falar sobre aquilo que nos aproxima, que nos define e nos move.

umas horas apenas. um vazio demasiado grande.
mas a certeza de que mais horas virão.

dezembro 18, 2005

veil

fotografias cobertas com véus, colocados por outrém. pensarás certamente que o que os olhos não vêem, o coração não sente. o que não sabes [porque nunca to disse, ou nunca o quiseste ouvir, ou não paraste para pensar que é a minha vida e não a tua, ou te esqueces que muito tempo passou] é que o coração já não o sente, mesmo que os olhos vejam.

ele está lá. à espera. mas à espera dum futuro e não dum passado... e acredita que é verdade. o rancor que guardas é apenas teu e não meu. eu já fiz as pazes comigo mesmo e segui em frente num caminho sem destino aparente. posso não saber para onde vou nem o que quero, mas ao menos caminho e não fico parado.

when lions befriended christians

in the ancient circus with no clowns, a man is ready to face the destiny upon him. thrown into the lions for the pleasure of the crowds. he had prepared for that final moment. hoping it would be fast and that they would target the carotid straight away. the huge gate opened in front of his eyes. the heat and stench of blood blurred his senses. he walked unhurriedly towards the center of the arena. he waited for a few moments, sheilding his eyes from the sun while looking around for the other gate. the one from where the lions would come.

a metallic sound pierced his ear and the gate opened. they were real. they were right there in front of him, ready to stick their sharpened teeth into his soft and weary flesh. seconds passed and none of them made the first move. they didn't attack. then, very slowly, the smallest lion [the one with the biggest eyes] approached him. and instead of biting off one of his arms or legs, sat beside him and watched. it almost looked like they were talking to each other without words. reassuring each other that all was ok. the lion then turned its head back and called the others. they all came to the center, making no sound.

regardless of the heat, they stayed there with the man [who was no longer scared]. the crowds disappeared and they stayed there for an eternity studying each others traces. there would be no bloodshed that day.

only the peculiar befriending of christians by the lions...

dezembro 15, 2005

deafening tunes #14 - intermission

amanhã regresso a portugal (15 dias para matar saudades) e, no meio da agitação do meeting (só dia 21 me safo do trabalho...) e da época natalícia, as oportunidades para actualizar o blog não serão muitas.

assim, deixo mais uma musiquinha para entreter os (poucos mas bons) visitantes desta manta de retalhos mentais (ali ao lado na sidebar vai ficar a tocar ulrich schnauss e "as if you've never been away").

em memória de alguém que desapareceu da minha vida nesta altura do ano e que está à minha espera do outro lado...

Etiquetas:

dezembro 13, 2005

the subtle art of losing friends

growing up
growing apart
changing homes
restarting a life
friends that were left behind
he saw the faces but he couldn't remember the names
anyone had the ability to do it but he had developed it into an art form

dezembro 11, 2005

post recycling

all of you, always silent...

all of you silently standing next to me, watching me as i gaze at the stars. dreaming of a different life, of a different situation. hoping to stop time, to get the chance to say what burns you from the inside before i stray. and i sit there, with a strange feeling inside, a turmoil of thoughts. changing everytime i look around, everytime i see your eyes and face. sometimes i hope you would break the chains that hold you. sometimes I'm afraid of what that outburst might cause. one thing's for sure, the doubt remains. time won't change a thing. it's only a test given by the gods above, the kind that gets more difficult as you go along. maybe if we wait long enough... maybe the waiting is what it's really all about. nobody knows what the future holds, but you'll be in it for sure. in the meantime i'll try to get to know all of you better, try to tip the scales one way or the other. making up my mind. trying to find the courage to open up and speak up. fill the air with what's going inside my mind. sharing. experiencing. living.

maybe someday the doubt will be cleared... i hope so...


written on the 25th Sept 2004 (and initially posted on the shortlived livejournal), 2 days before i came to london. it's strange to read your own words and remembering what you felt at the time...

dezembro 10, 2005

voyeurnation

lights directed at windows and mirrors. "mirror, mirror on the wall, is there anyone as shallow as i am?" "no baby, you're the best. you'll fuck your way to the top. keep it up!" flashes de câmeras gelando instantâneos de pessoas ocas. who really gives a shit about their clothes, shoes and hair? success and fame is just around the corner. all it takes is to sell your soul. "is that it? a bargain..." quando é que a inexistência de personalidade passou a ser um traço de personalidade? quando é que a infecção ocorreu? when exactly did we all fall asleep, to wake up in this upside-down world? why does it have to be like that? CCTV footage is the next major entertainment. spotting the odd celebrity in the dark recesses of your nearest town drinking/taking drugs/having sex/all of the above/all of the above plus midgets. let's all just live under the illusion. it's easier and less painful, it seems...

dezembro 09, 2005

one week to go

daqui a uma semana, estarei de volta a lisboa que nem ave migratória.

dezembro 08, 2005

by all means, keep stepping on it

realmente não sei o que será pior. o antes feito de sonhos? o momento em que o sonho se evapora e a realidade que se encontrava alojada no canto racional do cérebro leva finalmente a melhor? o depois com toda a sua estranheza?

who cares, anyway? so, for the sake of politeness and the values of friendship and socializing (i know i can do the first...), keep stepping on it. by all means, keep stepping on it. and don't let the liquid stains on your shoes stop you...

dezembro 07, 2005

analog infant / digital teenager

distant times, in a far away place secluded from light. a time when the world was still analog. still a blank book, without any comprehensible messages coming through. until the day the strange symbols in the odd-sized piece of paper magically made sense. suddenly, he could decipher the hidden messages before him. to the amazement of all around, he could actually do it. a sense of freak show attraction took over, leaving him too numb to pinpoint exactly what had opened his eyes. and to this very day, he does not know.

years flew by, as fast as lightning. and as lightning, the magic only struck once. the world had become digital. and with it, had swept all the strange events from his life. he was just another digital teenager coping with the flood of information being thrown at his head every second. trying to sample the truth from different points of the spectrum. and like all others, failing miserably at it.

romance is dead

já não sei o que é ser romântico, disse enquanto olhava a chuva que caía lá fora. parecia esperar que alguém o contrariasse e o fizesse retirar de imediato as palavras que dissera. complicado, numa sala vazia de conteúdo para além dos objectos essenciais. uma mesa em avançado estado de decomposição, uma velha cadeira do século anterior e uma vela atarefada a derreter-se a si própria. por graça, costumava chamar-lhes suicídios lipídicos, mas mais ninguém achava piada.

continuou o diálogo consigo mesmo com mais uma provocação. o amor de nada vale. é supérfluo. chega mesmo a ser pernicioso para a saúde. na realidade, só acreditava na última parte. perigoso para a saúde, sim. supérfluo e sem valor, nunca. afinal de contas, era o amor que lhe pagava as contas, era a sua fonte de inspiração.

doía-lhe escrever sobre ele. era como arrancar dentes sem qualquer anestesia. deixava-o ensanguentado; perdia um pedaço de si de cada vez que relatava uma história de amor (amalgamadas a partir de instantâneos autobiográficos e de horas à mesa, de caneta na mão).

as piores eram as que pareciam perfeitas (à primeira vista) e que acabavam invariavelmente em tragédia. piores porque exigiam mais esforço e, sobretudo, por serem as mais reais. as que mais o lembravam dos erros passados. as únicas que o faziam chorar.

dezembro 05, 2005

crushed

i knew it was coming...

cones, rods and meissner's corpuscles

não passavam de duas almas perdidas no caminho de casa. amarrotadas por uma mão invisível, num passado incerto. imersas num turbilhão de pensamentos e emoções que não conseguiam entender. muito menos controlar. a voz que lhes falava baixinho ao ouvido impelia-os a olhar em frente para um futuro menos complicado. mais puro. talvez mesmo feliz.

os seus olhos tocaram-se à distância. em qualquer outra ocasião, voltariam rapidamente à condição original. a fóvea virar-se-ia para o ponto diametralmente oposto, numa tentativa vã de disfarçar a carícia momentânea. mas não desta vez. a distância pareceu encurtar-se em fracções de segundo. como se se tratasse de um ambicioso truque de ilusionismo, tudo à sua volta se obliterou, deixando apenas uma linha recta. a menor distância entre dois pontos num plano diferente dos restantes. não eram necessárias palavras quando os olhos teimavam em gritar a plenos pulmões.

caminharam lado a lado durante um período de tempo que lhes pareceu horas. os seus passos ritmados conduziram-nos a um local calmo. quase mágico.

a ausência de som contrastava com o bater frenético dos seus corações. depois de dispensarem expressões verbais, depressa se encarregaram de retirar os entraves físicos que os separavam. ficaram alguns segundos de pé, frente a frente, completamente nus. olhando-se nos olhos. perscrutando a alma do outro e tentando encontrar a porta fechada por detrás de correntes e cadeados. aperceberam-se que cada um tinha a chave que abria a porta alheia. a medo, decidiram experimentar abri-las.

os seus dedos entrelaçaram-se enquanto os lábios selavam o acordo alcançado. os seus corpos mataram a sede no oásis que era o outro. a travessia do deserto fôra longa, recheada de miragens. tinham finalmente chegado a porto seguro.

na manhã seguinte, enquanto a chuva caía do lado de lá das janelas fechadas, cartografaram-se um ao outro, de olhos fechados e tendo como único instrumento as pontas dos dedos e os relevos das respectivas impressões digitais. foi a forma que encontraram para determinar onde a alma de cada um estava.

tinham duas certezas: ambas estavam no mesmo local. nenhuma delas estava perdida.

sleep patterns

the world of R.E.M. does not suit me. it does not give comfort, security or rest. that realm is populated with fake gods, mythical beasts and encounters best explained by the incomprehensible subconscious.
night beckons me to sleep. i pray i won't dream. or that, just once, i can safely awake next morning without feeling drenched in forbidden thoughts, better still, that the tidal wave of morning light washes away the memory of a restless night.
regardless, the pattern is obvious.

dezembro 04, 2005

alive and kicking

sobrevivi à experiência do ice climbing. e foi espectacular, apesar de me terem ficado a doer os antebraços e agora parecer um anormalzinho por não conseguir fazer força nos braços. tudo porque, ao contrário do que deveria, o meu subconsciente me fez agarrar aos ice axes como se não houvesse amanhã. é que o segredo está aí mesmo, deve fazer-se mais força com as pernas do que com os braços.

easier said than done. voltarei com fotos assim que as receber...

dezembro 03, 2005

1 hour

climbing an ice wall of 8 metres... nice birthday gift, indeed. i'm beginning to think it wasn't such a good idea to show enthusiasm when i first heard of it.
let's see how it goes tomorrow.

the constant gardener

este filme surpreendeu-me pela positiva. não que seja um filme do qual se saia bem disposto...

dezembro 02, 2005

sun and moon

mary moon is in the london sun. confused? you'll be even more confused when you read her

parabéns, happy birthday e tudo de bom

dezembro 01, 2005

i think i'm gonna have a little bad thing

ou em português: acho que me vai dar uma coisinha má...
primeiro, porque este domingo me vou aventurar a fazer ice climbing na somerset house (cortesia dos meus coleguinhas de laboratório. prenda de anos com 5 meses...). escusado será dizer que se não partir um braço ou uma perna, já fico contente e já ganho o dia.
segundo, porque me preparo para cometer (mais um d)o(s) maior(es) erro(s) da minha vida. ou então não. a vida pode ser mais estranha que a ficção...

scenes of a sexual nature

deafening tunes #13

a música preferida dos faquires e respectivos cônjuges...

Etiquetas: