romance is dead
continuou o diálogo consigo mesmo com mais uma provocação. o amor de nada vale. é supérfluo. chega mesmo a ser pernicioso para a saúde. na realidade, só acreditava na última parte. perigoso para a saúde, sim. supérfluo e sem valor, nunca. afinal de contas, era o amor que lhe pagava as contas, era a sua fonte de inspiração.
doía-lhe escrever sobre ele. era como arrancar dentes sem qualquer anestesia. deixava-o ensanguentado; perdia um pedaço de si de cada vez que relatava uma história de amor (amalgamadas a partir de instantâneos autobiográficos e de horas à mesa, de caneta na mão).
as piores eram as que pareciam perfeitas (à primeira vista) e que acabavam invariavelmente em tragédia. piores porque exigiam mais esforço e, sobretudo, por serem as mais reais. as que mais o lembravam dos erros passados. as únicas que o faziam chorar.