the beauty of manual labour
as mãos ásperas de cumprir os rituais típicos. o encher do compartimento, a progressiva transformação do líquido em vapor à medida que os tecidos se vergam à vontade superior por detrás do instrumento. os movimentos precisos na sua lentidão, acariciando as modernas folhas de videira do éden. imagina-se num estúdio de cinema, tratando do guarda-roupa de mais um filme. como se o sucesso do mesmo dependesse inversamente da quantidade de vincos presentes no grande ecrã. como se dependesse única e exclusivamente do seu singelo trabalho.
sem tempo a perder, lança-se à próxima tarefa. hercúlea no passado, familiar no presente. as lágrimas correm-lhe sempre pela face no início, independentemente de se sentir triste. uma simples reacção fisiológica ao composto emanado aquando do corte. mas lá dentro, é muito mais que isso. é uma forma de lançar para o mundo a tristeza que guarda ao longo da semana. como se tivesse uma hora marcada para carpir as mágoas que lhe pesam no coração. inevitavelmente, acaba por pensar nelas enquanto reduz os alimentos a pequenos pedaços irreconhecíveis. às vezes deseja que a faca fuja e corte a sua carne. bem fundo, até macerar os ossos. imagina desgraças com instrumentos que usa todas as semanas. o seu sentido de auto-destruição primitivo a vir ao de cima, por detrás da aparência calma e ponderada com que cumprimenta o mundo. afasta esses pensamentos à medida que o odor lhe chega às narinas grandes e assimétricas. lembram-lhe sempre as personagens da banda desenhada com uma característica distintiva e inacreditavelmente real.
volta-se para a mais dura das tarefas. aquela que lhe lembra as guerras de outrora, nas quais animais mitológicos sempre tinham um papel de destaque. é contra eles que luta enquanto tenta que a harmonia volte ao cúbiculo. animais mitológicos, demasiado reais para o seu gosto. de aspecto tenebroso, capazes de levar à loucura o mais são dos homens. lentamente, mas com a determinação que caracteriza os soldados desconhecidos que sucumbem no meio da névoa, a sua missão chega a bom porto. as cicatrizes desta batalha mal terão tempo de fechar até que esta se repita, num ciclo mórbido que consegue prever mas nunca evitar.
as mãos ásperas. o trabalho terminado. tempo para retemperar forças...
sem tempo a perder, lança-se à próxima tarefa. hercúlea no passado, familiar no presente. as lágrimas correm-lhe sempre pela face no início, independentemente de se sentir triste. uma simples reacção fisiológica ao composto emanado aquando do corte. mas lá dentro, é muito mais que isso. é uma forma de lançar para o mundo a tristeza que guarda ao longo da semana. como se tivesse uma hora marcada para carpir as mágoas que lhe pesam no coração. inevitavelmente, acaba por pensar nelas enquanto reduz os alimentos a pequenos pedaços irreconhecíveis. às vezes deseja que a faca fuja e corte a sua carne. bem fundo, até macerar os ossos. imagina desgraças com instrumentos que usa todas as semanas. o seu sentido de auto-destruição primitivo a vir ao de cima, por detrás da aparência calma e ponderada com que cumprimenta o mundo. afasta esses pensamentos à medida que o odor lhe chega às narinas grandes e assimétricas. lembram-lhe sempre as personagens da banda desenhada com uma característica distintiva e inacreditavelmente real.
volta-se para a mais dura das tarefas. aquela que lhe lembra as guerras de outrora, nas quais animais mitológicos sempre tinham um papel de destaque. é contra eles que luta enquanto tenta que a harmonia volte ao cúbiculo. animais mitológicos, demasiado reais para o seu gosto. de aspecto tenebroso, capazes de levar à loucura o mais são dos homens. lentamente, mas com a determinação que caracteriza os soldados desconhecidos que sucumbem no meio da névoa, a sua missão chega a bom porto. as cicatrizes desta batalha mal terão tempo de fechar até que esta se repita, num ciclo mórbido que consegue prever mas nunca evitar.
as mãos ásperas. o trabalho terminado. tempo para retemperar forças...