cones, rods and meissner's corpuscles
não passavam de duas almas perdidas no caminho de casa. amarrotadas por uma mão invisível, num passado incerto. imersas num turbilhão de pensamentos e emoções que não conseguiam entender. muito menos controlar. a voz que lhes falava baixinho ao ouvido impelia-os a olhar em frente para um futuro menos complicado. mais puro. talvez mesmo feliz.
os seus olhos tocaram-se à distância. em qualquer outra ocasião, voltariam rapidamente à condição original. a fóvea virar-se-ia para o ponto diametralmente oposto, numa tentativa vã de disfarçar a carícia momentânea. mas não desta vez. a distância pareceu encurtar-se em fracções de segundo. como se se tratasse de um ambicioso truque de ilusionismo, tudo à sua volta se obliterou, deixando apenas uma linha recta. a menor distância entre dois pontos num plano diferente dos restantes. não eram necessárias palavras quando os olhos teimavam em gritar a plenos pulmões.
caminharam lado a lado durante um período de tempo que lhes pareceu horas. os seus passos ritmados conduziram-nos a um local calmo. quase mágico.
a ausência de som contrastava com o bater frenético dos seus corações. depois de dispensarem expressões verbais, depressa se encarregaram de retirar os entraves físicos que os separavam. ficaram alguns segundos de pé, frente a frente, completamente nus. olhando-se nos olhos. perscrutando a alma do outro e tentando encontrar a porta fechada por detrás de correntes e cadeados. aperceberam-se que cada um tinha a chave que abria a porta alheia. a medo, decidiram experimentar abri-las.
os seus dedos entrelaçaram-se enquanto os lábios selavam o acordo alcançado. os seus corpos mataram a sede no oásis que era o outro. a travessia do deserto fôra longa, recheada de miragens. tinham finalmente chegado a porto seguro.
na manhã seguinte, enquanto a chuva caía do lado de lá das janelas fechadas, cartografaram-se um ao outro, de olhos fechados e tendo como único instrumento as pontas dos dedos e os relevos das respectivas impressões digitais. foi a forma que encontraram para determinar onde a alma de cada um estava.
tinham duas certezas: ambas estavam no mesmo local. nenhuma delas estava perdida.
os seus olhos tocaram-se à distância. em qualquer outra ocasião, voltariam rapidamente à condição original. a fóvea virar-se-ia para o ponto diametralmente oposto, numa tentativa vã de disfarçar a carícia momentânea. mas não desta vez. a distância pareceu encurtar-se em fracções de segundo. como se se tratasse de um ambicioso truque de ilusionismo, tudo à sua volta se obliterou, deixando apenas uma linha recta. a menor distância entre dois pontos num plano diferente dos restantes. não eram necessárias palavras quando os olhos teimavam em gritar a plenos pulmões.
caminharam lado a lado durante um período de tempo que lhes pareceu horas. os seus passos ritmados conduziram-nos a um local calmo. quase mágico.
a ausência de som contrastava com o bater frenético dos seus corações. depois de dispensarem expressões verbais, depressa se encarregaram de retirar os entraves físicos que os separavam. ficaram alguns segundos de pé, frente a frente, completamente nus. olhando-se nos olhos. perscrutando a alma do outro e tentando encontrar a porta fechada por detrás de correntes e cadeados. aperceberam-se que cada um tinha a chave que abria a porta alheia. a medo, decidiram experimentar abri-las.
os seus dedos entrelaçaram-se enquanto os lábios selavam o acordo alcançado. os seus corpos mataram a sede no oásis que era o outro. a travessia do deserto fôra longa, recheada de miragens. tinham finalmente chegado a porto seguro.
na manhã seguinte, enquanto a chuva caía do lado de lá das janelas fechadas, cartografaram-se um ao outro, de olhos fechados e tendo como único instrumento as pontas dos dedos e os relevos das respectivas impressões digitais. foi a forma que encontraram para determinar onde a alma de cada um estava.
tinham duas certezas: ambas estavam no mesmo local. nenhuma delas estava perdida.