bulldozer
fiel às palavras dos génios do passado [sucesso = 99% empenho + 1% inteligência], lançava-se todos os dias ao trabalho com a energia inesgotável duma máquina de movimento perpétuo [sabia que estas não existiam, mas era mesmo assim uma comparação válida. pelo menos do ponto de vista literário].
sempre de sorriso nos lábios [excepto nos dias em que as mudanças súbitas de humor o levavam a não proferir uma palavra durante horas. ninguém ficava preocupado porque sabiam que era passageiro. no dia seguinte tudo voltaria ao normal. e nunca ninguém sabia o porquê], o rouxinol do primeiro andar [era assim apelidado pelos colegas porque assobiava constantemente. desde músicas da rádio até toques de telemóveis. sem desafinar uma nota e sem perder o fôlego] movia-se na labuta diária da procura incessante de respostas às pequenas perguntas [sim, porque parecia que as grandes já tinham sido todas respondidas antes] como um bulldozer num estaleiro duma obra de construção megalómana. embora não fosse amarelo nem tivesse lagartas para se locomover [embora também fosse rasteirinho, não eram essas as características comuns], destruía obstáculos a uma velocidade alucinante.
às vezes sentia-se como um cavalo de corrida [o que lhe lembrava sempre o refrão da música homónima] que só se sente vivo quando as narinas lhe ardem com a escassez de inspirações e o coração tenta sair para fora do corpo. só isso podia justificar o facto de não conseguir estar parado, de estar sempre a perseguir várias coisas ao mesmo tempo. só isso explicava as longas horas sozinho no local de trabalho. era a paixão que o movia, dia após dia [só o amor o impelia de forma ainda mais forte, mas esse andava fugido].
e o sorriso, [cada vez mais puro] esse nunca esmorecia...
sempre de sorriso nos lábios [excepto nos dias em que as mudanças súbitas de humor o levavam a não proferir uma palavra durante horas. ninguém ficava preocupado porque sabiam que era passageiro. no dia seguinte tudo voltaria ao normal. e nunca ninguém sabia o porquê], o rouxinol do primeiro andar [era assim apelidado pelos colegas porque assobiava constantemente. desde músicas da rádio até toques de telemóveis. sem desafinar uma nota e sem perder o fôlego] movia-se na labuta diária da procura incessante de respostas às pequenas perguntas [sim, porque parecia que as grandes já tinham sido todas respondidas antes] como um bulldozer num estaleiro duma obra de construção megalómana. embora não fosse amarelo nem tivesse lagartas para se locomover [embora também fosse rasteirinho, não eram essas as características comuns], destruía obstáculos a uma velocidade alucinante.
às vezes sentia-se como um cavalo de corrida [o que lhe lembrava sempre o refrão da música homónima] que só se sente vivo quando as narinas lhe ardem com a escassez de inspirações e o coração tenta sair para fora do corpo. só isso podia justificar o facto de não conseguir estar parado, de estar sempre a perseguir várias coisas ao mesmo tempo. só isso explicava as longas horas sozinho no local de trabalho. era a paixão que o movia, dia após dia [só o amor o impelia de forma ainda mais forte, mas esse andava fugido].
e o sorriso, [cada vez mais puro] esse nunca esmorecia...