air desire
toda a vida tinha sentido o chamamento. como se tivesse nascido ao mesmo tempo que algo que nunca tinha conhecido, do qual nada sabia (nem sequer o nome), mas que atraía como uma gigantesca estrela. com a diferença que a força exercida era consideravelmente superior à da gravidade, pelo menos a que Newton em tempos definiu. era uma força distinta, incapaz de ser descrita por simples equações matemáticas. demasiadas variáveis se encavalitariam umas em cima das outras até que se conseguisse chegar a um número. e, mesmo esse, pouco ou nada explicaria.
chamava-lhe simplesmente a origem. não a origem de início, mas a origem de original, como o pecado. sim, porque a força que sentia, fazia com que sentisse claustrofobia dentro das próprias roupas. tinha vontade de as rasgar, sentia que eram uma prisão maleável para o seu corpo e espírito. se os outros soubessem o que lhe ia na cabeça, dir-lhe-iam que era loucura.
eles que ficassem com os pés assentes na terra, com a cabeça enterrada na areia e o cérebro arrumado numa caixa. bastava-lhe o ar, o meio invisível por onde viajava sem sequer mexer um músculo.