resta-nos a ponte

porque a partir de sábado serei oficialmente um sem-abrigo. nunca mais hei-de perguntar aos céus "o que mais poderá correr mal?" porque depois disto só mesmo o avião cair na próxima quarta-feira e eu ir desta para melhor.
a 4 dias de mudar de casa e já com quase tudo tratado (é certo, o pequeno pormenor da falta de contrato indiciava uma tragédia em potência mas longe de mim pensar numa situação tão rocambolesca como esta...) é que a futura landlady se "lembra" de ser despedida e de decidir alugar a casa sem a ajuda duma agência.
resultado: adeus casinha, até depois. mais um percalço na longa história da mudança de casa, já com muitos capítulos qual deles o mais caricato...
começo a chegar ao ponto do desespero total porque casas há muito poucas, e as que há mais parecem casotas do cão, ninhos de rato ou tocas de urso, onde em portugal ninguém poria um animal mas que por cá "ah, bom! tudo bem...".

e também não ajuda muito ir para fora durante quase uma semana...

a weekend at the movies

por ordem cronológica:

"the good shepherd"
"letters from iwo jima"dois filmes aparentemente muito diferentes, mas com pontos em comum. o mais importante desses pontos de contacto é a noção de patriotismo e aquilo que se está disposto a fazer (ou sacrificar) pela pátria. outra semelhança nos dois filmes é a forma como as personagens ditas secundárias espelham na perfeição as consequências dos dramas internos da personagem principal (no caso do "good shepherd") e duma nação inteira (nas "letters"). e, finalmente, o facto de ambos "roubarem" acontecimentos reais para mostrar a complexidade do mundo da espionagem e a inexorabilidade de ser confrontado com a morte em tempo de guerra, independentemente da facção a que se pertença.
definitivamente não são "feel good movies". muito longe disso...

the last word #2

“you’re perfect yes it’s true but without me you’re only you
your menstruating heart it ain’t bleeding enough for two” (mike patton)
“acertar o passo ao longo do caminho evita que alguém fique para trás” (paulo s. ribeiro)

doll

não fossem os olhos de vidro que adornam a tua cara e serias aquilo com que sempre sonharam. sempre ouviste dizer que a vida é feita de sonhos, mas sonhos não os tens e nunca os tiveste. confiando nas regras lógicas dos silogismos, não vives e nunca viveste.

plans

não vale a pena fazê-los porque acabam sempre (mas sempre) por sair furados. mas, como (aparentemente nos países mais a sul) é carnaval, ninguém leva a mal...

os gloriosos 90's: sangue, açucar, sex* e magia

na semana em que (supostamente) relançaram a carreira por terem ganho uns grammys, o melhor álbum dos red hot chili peppers ("blood sugar s*x magik" de 1991) anda a rodar na minha jukebox. é incrível ouvir este álbum e ver como todas as músicas encaixam umas nas outras. mais incrível ainda é perceber-se a diferença de qualidade deste álbum para muitos dos seguintes que, salvo raras excepções, têm uma ou duas músicas decentes e muita palha...

time capsule

querido(a) ______________
só vais poder ler isto depois de saberes andar, falar e quando já tiveres dentes. quem sabe onde estarei no dia em que isso acontecer. espero estar por perto e ter a oportunidade de assistir à entrega duma carta com vários anos. mais que isso, espero ter tido o privilégio de te carregar nos meus braços, de ter ver crescer dia a dia e não trimestralmente. que as fronteiras não me tenham afastado da minha, ou melhor dizendo, da nossa família. é com a nova vida que se olha para trás e se reflecte, que se pensa no futuro e se deseja. é assim que certas coisas se tornam insignificantes perante a magnitude do que há-de vir. cedo perceberás que a vida é um animal estranho. daqueles que mordem quando estão magoados e se vêem encurralados num canto escuro. daí esta carta. porque há palavras que se perdem na curta distância entre o cérebro e os lábios. e porque é tão mais fácil escrever sentimentos que proferi-los. vais sentir amor. não só por seres o(a) primeiro(a), mas por vires injectar vida e alegria em corações que perdem a noção de ritmo e ameaçam estagnar. serás o orgulho de todos e o espelho de sonhos por concretizar. serás alguém. único, autêntico e insubstituível. e nós cá estaremos para que nunca o esqueças.

roses are red, violets are blue, romance is dead, capitalism got you

valente, valentão, valentim
quero que desapareçam sim
afasta essas rosas vermelhas de mim
pois há muito que não me sinto assim
valentim, valente, valentão
não faças troça da minha solidão
peço-te com sofreguidão
não brinques com o meu coração
valentão, valentim, valente
abranda a minha acelerada mente
que me faz pensar em tudo de repente
pois não há um dia que seja diferente
valente, valentão, valentim
se algum dia passares por mim
acena-me com a cabeça que sim
que ainda há alguém para mim

deafening tunes #27

the gossip - "standing in the way of control"

drogado, tem cuidado!

"são os speeds, bruno..."*
o único defeito deste filme é mesmo a ausência dessa pérola musical dos irmãos catita na banda sonora... de resto tem tudo: loucura q.b., drogas, sexo e uma cinematografia estonteante. e, se ainda faltassem razões para ver o filme, também tem a jennifer connelly em versão hard core...
* - não resisti a citar essa pérola da televisão portuguesa, os "riscos"

alegria

ou como o circo também pode ser para graúdos.
cirque do soleil no royal albert hall

habemus domus

london bridge is falling down
falling down
falling down
very, very soon...

a neon bible and a funeral in brixton

kophinos

as pequenas coisas
essas, como pregos num caixão
são as que mais magoam
as palavras injustas
que ganham vida própria
da frustração, da raiva
cruéis como doenças hereditárias
não deveriam ser mais que letras amalgamadas
as palavras são pérfidas, perversas, pervertidas
o instrumento de tortura da modernidade
umas molestam por não se proferir ao longo duma vida
outras, insípidas, inodoras, vazias de sentimento
ferem por não serem verdadeiras
onde uns vêem apenas semântica
e linguística, outros destilam veneno
afiam objectos cortantes e preparam misturas explosivas
nas pequenas coisas e nos detalhes
(onde, pelos vistos, o demónio vive)
moram assasinos natos

ipiranga

o que fazia falta era o gene sindicalista...