fevereiro 02, 2007

kophinos

as pequenas coisas
essas, como pregos num caixão
são as que mais magoam
as palavras injustas
que ganham vida própria
da frustração, da raiva
cruéis como doenças hereditárias
não deveriam ser mais que letras amalgamadas
as palavras são pérfidas, perversas, pervertidas
o instrumento de tortura da modernidade
umas molestam por não se proferir ao longo duma vida
outras, insípidas, inodoras, vazias de sentimento
ferem por não serem verdadeiras
onde uns vêem apenas semântica
e linguística, outros destilam veneno
afiam objectos cortantes e preparam misturas explosivas
nas pequenas coisas e nos detalhes
(onde, pelos vistos, o demónio vive)
moram assasinos natos