julho 22, 2005

and i cry if i want to

long summer night, ages ago. a small blue BMW races through the city. desperate to deliver the sister desperate to deliver...
o sopro externo que provocou o grito gutural ainda vagueia dentro de mim. à espera que eu me decida quanto ao que quero fazer dele.
o tempo passa depressa demais. a vida resume-se em episódios anedóticos e num vazio de memória semelhante ao dos primeiros anos. se me perguntassem o que aconteceu nesse período de tempo, não saberia responder. não consigo apontar a minha primeira memória. não me lembro da cara da minha primeira professora (o nome era Manuela, penso eu). não tenho amigos de infância que se recordem de mim ou dos quais me lembre (à excepção do Jorge que, passados 10 anos, passaria por mim sem que o reconhecesse).
as fotografias da minha infância mostram uma cara imberbe e feliz. completamente diferente. um sorriso genuíno e inocente. até o cabelo escorria pela cabeça ao contrário do que acontece hoje (uma mistura entre ninho de ratos e palha-de-aço).
se me questionarem acerca do que me moldou ao longo da minha existência, não saberei o que dizer. sou ainda um cérebro amorfo, com ligações desconexas para assuntos irrelevantes. uma base de dados preenchida por simples osmose, sem consequências práticas ou vivências.
continuo a moldar-me e a ser moldado. mesmo quando tudo parece rígido e inflexível, um pequeno gesto encerra em si uma mudança catastrófica que inicia um novo ciclo.
dizem que todas as células do nosso corpo (todas, à excepção dos neurónios - que são exactamente da nossa idade) são substituídas de 7 em 7 anos. duvido que assim seja, mas tenho que confessar que começo a render-me a algumas evidências.
8 anos, mudança de casa, corte de raízes e crescimento físico.
16 anos, mudança de estado de espírito, partilha daquilo que era na altura com outra pessoa, crescimento sentimental.
quase 24 anos, mudança de sentimentos, retorno à condição inicial de ser uno e solitário, redescoberta de mim mesmo.
hoje, passado um quarto de século, recordo e reflicto sobre a minha vida. o rumo que irá tomar não o posso prever. a história futura não se escreve, vive-se. é isso que tenciono fazer.
life is full of accidents. i like to think i was one of those waiting to happen...

3 ex troardinary remarks:

Blogger grão de pó wrote...

e ao teu lado, seguem outras vidas, mais ou menos paralelas, aquelas das pessoas que gostam de ti :)

parabéns, Amigo *

22/07/05, 09:54  
Anonymous Anónimo wrote...

Gostei de ler esta reflexão. Partilho esse sentimento de "vazio de memória" que referes. Descubro tardiamente que deveria ter aproveitado melhor o tempo que já passou e que não volta...

22/07/05, 20:01  
Blogger Ana (Guida) Santos wrote...

Podes não saber o futuro, mas uma coisa é certa: tens sempre aqui uma amiga com quem podes contar... espero poder continuar a ajudar-te a crescer (olha lá, isto foi sem malícia...)!

28/07/05, 16:09  

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