novembro 30, 2004

just a gigolo - Ted Lewis - 1931 / David Lee Roth - 1985

acabo de visitar o site do Público (ou deverei dizer em português correcto, o sítio de internet do Público?), onde estava a notícia de última hora "Sampaio dissolve Assembleia da República".

concordo plenamente com esta decisão.

é pena que não possa ser tomada mais à letra. o que umas litradas de ácido não fariam naqueles corredores. para além de desinfectar o espaço em si, teriam o condão de nos livrar de alguns energúmenos que por lá se arrastam (quando têm a decência de lá pôr os pés, facto bastante raro para a grande maioria), enriquecendo às custas dos contribuintes e enterrando cada vez mais o nosso país numa crise sem precedentes.

o nosso presidente (não resisto a apelidá-lo de cenoura...), o cenoura apercebeu-se de que ter um primeiro-ministro que conhece melhor os porteiros dos bares de Lisboa do que os políticos europeus não é uma solução viável. num cenário de uma Lisboa capital europeia da cultura ou na eventualidade da realização de uma feira erótica em Portugal até nem seria mau, mas tendo em conta que esgotámos os grandes eventos para os próximos 20 anos (depois da Expo e do Euro, as escolhas começam a ser escassas. já se fala dos JOs...) a presença do Santana torna-se desnecessária. atrever-me-ia mesmo a afirmar, incómoda.

para além de não ter feito nada de palpável (pelo menos para o país, o que o PM faz nas horas vagas não é para aqui chamado..) nos 4 meses (passaram 4 meses??) em que esteve em São Bento, conseguiu a proeza de ameaçar uma das realidades que mais nos custou alcançar - a liberdade de expressão.

não vivi no tempo da censura (felizmente) nem consigo imaginar o que seria não poder falar abertamente sobre o que quer que seja. daí que seja especialmente preocupante ver constantemente notícias (à distância, é certo) sobre o regresso do espectro da censura em Portugal (resquícios do famoso caso Marcelo). as ligações perigosas dos políticos à imprensa sempre estiveram presentes, mas nunca houve manobras deliberadas de silenciamento de algum paineleiro (sempre quis usar esta palavra...). ainda por cima um paineleiro do próprio partido...

enfim, nem tudo foi mau neste governo de Santana Lopes. penso que tivemos um factor positivo nestes 4 meses. tenho até o privilégio de poder anunciar em primeira mão este facto que nos deve inundar a alma de orgulho por sermos portugueses...

aqui vai...

Portugal conseguiu mais um recorde no Guiness. é verdade, tenho o prazer de anunciar a entrada de Henrique Chaves (quem quer que este senhor seja...) no livro de recordes do Guiness pela proeza de se ter mantido em funções como Ministro da Juventude, Desporto e Reabilitação durante 4 dias. o recorde só não foi mais estrondoso porque entretanto se meteu o fim-de-semana e o ex-ministro (então ainda ministro...) não queria perder a bola...

as saudades de Portugal esmorecem cada vez que penso na política portuguesa...

portanto, amigos, companheiros, palhaços neste circo que é a vida, unamo-nos neste momento difícil que o país vive. esperemos que quem venha a seguir tenha bom senso. não se pode pedir mais que isso. já nem peço inteligência, bom senso e noção do ridículo...

ps: lembrei-me de mais um ponto positivo desta dissolução. a catherine deneuve vai poder voltar ao cinema (mais concretamente ao parque eduardo vii...)

novembro 29, 2004

karaoke - Soundgarden - 18 de Setembro 1996

ainda sem voz depois dum fim de semana em cheio...

para comecar, a grande festa dos 5 anos do breakthrough centre (onde estarei nos proximos 3,5 anos). vou so dizer a que horas terminou a festa para que fiquem com a ideia do deboche...

21h30m... (sem comentarios... ate fiquei para ajudar a limpar a sala de tao triste que foi...)

sabado - tugas a solta em londres

festival de cinema de terror no national film theatre. recomendo vivamente que se afastem o mais possivel de qualquer local que tenha a infeliz ideia de exibir o filme possession (1981, dum realizador polaco cujo nome felizmente se obliterou rapidamente da minha memoria. alguns beneficios do crescente alzheimer...).

nem tenho palavras para qualificar aquela coisa abjecta... ainda se tivesse algum terror, ainda teria valido a pena as 6 pondas que gastamos por cabeca... mas e que nem isso. valeu pela experiencia surreal (muito provavelmente influencias do hugo...) de ver a isabelle adjani num tunel do metro de berlim a gritar como se nao houvesse amanha, atirando o saco das compras contra a parede, contra ela propria, contra tudo, comecar com espasmos no chao e a esfregar-se nas paredes. e o ex libris foi mesmo quando liquidos estranhos lhe sairam de quase todos os orificios naturais. uma cena de levar as lagrimas (literalmente mas de tanto rir...)

va la que nao foi o texas chainsaw massacre. so mesmo esse para superar aquele filme (sera que lhe posso chamar isso??)

para que o dia continuasse no registo bem humorado e estranho de sempre, a aventura de encontrar um pub para jantar. primeiro covent garden para o sitio (que comeca a ser) do costume (embora so tenhamos ido la uma vez, mas nos tudo bem...). obviamente cheio porque e sabado a noite. segunda tentativa mais acima num pub que parece do mesmo franchising. tambem cheio...
rumo a victoria para outro pub. 21h30m estamos no pub muito satisfeitos a escolher o que vamos comer... depois de descartarmos as possibilidades com productos lacteos finalmente dirigimo-nos ao balcao para pedir. e claro que as 9 e meia da noite ja nao servem comida no f**** da p*** do pub...
resultado, jantar no pizza hut...

domingo - tugas a solta em londres parte II com acompanhamento vindo do japao, inglaterra, libano/polonia e escocia/polonia...

inicio em victoria
bus ate liverpool street station
chegada com 15 minutos de atraso (gracas as minhas belas ideias de ir de bus, "e mais rapido...")
visita ao mercado de flores de shoreditch (se nao me engano...)
almoco muito diferente do jantar do dia anterior... pizzonga de novo
visita a alguns mercados com montes de coisas "alternativas" com paragem para comer um bagel...

e para culminar, umas boas horas num bar japones de karaoke e sushi, "lost in translation"-style, com japoneses a cantar (muito mal, diga-se) alguns dos exitos dos ultimos anos na sua lingua mae (ou mesmo que fosse em ingles, parecia sempre japones...). muita musica, alguma bebida e a chegada a casa a 1h20m depois de mais uma interessante viagem de night bus...

now, back to work...

novembro 26, 2004

movies of myself - Rufus Wainwright - 23 de Setembro 2003

Subway driver blues

subway driver, take me out of this place
bury me deep underground
i can't stand the sunlight anymore
burning my skin
corroding my flesh
splash me all around
bring colour and awe to this dark candle-lit maze
let’s make a feast for the mice lurking around
give them something to be happy for
indulge their primitive pleasures
and ours
tell me you never felt it
that eerie feeling coming up your spine
you want to give in
but something holds you back
a voice inside your head
suddenly scared
not so confident as usual
feeling threatened
pleading for its life
you just close the doors and roll along
oblivious to other peoples thoughts
you’ve seen it all before
countless times before
it’s just comes with the trade
but you rarely see the image fade
haunting you throughout the nights
a sight you’ll never lose
it’s just the subway driver blues


costumer information: delays are occurring in the following lines…

novembro 25, 2004

In utero – Nirvana – 21 de Setembro de 1993

Os meus pais sempre quiseram ter uma menina… será justo afirmar que não foram muito bem sucedidos da primeira vez que tentaram. Afinal de contas, nasceu o meu irmão. Presumo que a desilusão não tenha sido grande porque um primogénito é sempre um primogénito, independentemente do género.

Os anos foram passando.

Acho que nunca saberei se a minha vinda a este mundo foi puramente acidental ou planeada. Pelo que me contam, tudo foi planeado. Mas 9 anos a distanciar o nascimento de dois filhos parece-me exagerado. Tudo terá surgido pelo facto do meu irmão querer uma companhia para além do meu primo. O “irmão” de infância dos seus primeiros anos, companheiro de brincadeira e quase sempre vítima inocente das frequentes asneiras do meu irmão.
É estranho como tão cedo nos damos conta que a solidão nos arrasta para sensações fortes. No caso do meu irmão, terá sido por volta dessa idade. Quando se terá apercebido que faltava mais alguém? Que tipo de sentimentos lhe terão assolado o espírito então irrequieto?

Esta terá sido a motivação para que a família crescesse. Imagino os meus pais a desejar a chegada de uma menina.

Ana Lúcia. Um cromossoma diferente e seria este o meu nome. Teria certamente um aspecto diferente (capilarmente falando seria crucial…), mas seria eu?
No meio da lotaria e da aleatoriedade dos gâmetas e do genoma por eles transportado, estaria a minha essência em todos eles? Estariam todos eles confinados ao mesmo destino?

Quem sabe se realmente não serei uma mulher presa num corpo de homem? Ou uma espécie de ser imaterial e assexuado cujo aspecto exterior se molda ao receptáculo que lhe é destinado, independentemente do seu sexo?

Terá a vontade dos meus pais em ter uma menina alimentado o espírito perverso dentro desse ser em construção de tal forma que o resultado final foi exactamente o oposto?

Terão os olhos fitado desiludidos um pedaço a mais no recém-nascido? Terá essa desilusão algo a ver com a distância que sempre existiu?

Gosto de pensar que mesmo que tenha existido uma desilusão inicial, ela esteja a ser esbatida à medida que o tempo passa… porque há sempre tempo para encurtar distâncias…

novembro 24, 2004

1st shot

Just testing the system...

More will follow soon...