julho 17, 2006

prelude

era uma vez... não. é impossível começar dessa forma. não foi só uma vez, não era a primeira e, certamente, não seria a última. melhor seria começar com um imparcial "mais uma vez". mais uma vez chegava a casa depois de um encontro falhado. sentia-se sem sorte. um náufrago numa maré de azar. a pessoa que, por mais que tentasse, escolhia sempre a palhinha mais curta. um zero. era assim que se sentia sempre que era incapaz de impressionar alguém do sexo oposto. as únicas mulheres que conseguia manter na sua vida por mais de uma semana eram a sua mãe e irmã. e mesmo estas tinham os seus momentos de fraqueza. a frequência de tais momentos estava altamente correlacionada com os ciclos hormonais de ambas, pois, nessas alturas, as respectivas chaleiras de paciência (se tais existissem) ferviam em muito pouca água. para um observador atento, o problema residia na falta de carisma. até as pedras da calçada tinham mais personalidade que ele. ao menos essas sempre sabiam quando estavam a ser pisadas...