the day after
as feridas físicas vão sarar muito mais depressa do que as psicológicas. infelizmente, esta é uma situação que dificilmente poderia ter sido evitada, por mais preparação que as forças de segurança tivessem. é a realidade do nosso tempo, em que a guerra deixou de ser um conceito abstracto que só existe em países ditos sub-desenvolvidos e não democráticos, para passar a estar em cada esquina de cada cidade do mundo ocidental.
na minha sincera opinião, os atentados foram trágicos, não haja dúvidas. mas também é mais que certo que poderiam ter sido muito mais trágicos do que foram. para quem conhece bem a cidade de Londres, o sistema de metro e as enchentes que se verificam na hora de ponta, sabe bem do que estou a falar. especialmente quando, quem quer que esteja por trás deste acto cobarde, escolheu precisamente locais de convergência de multidões, isto é, as estações de metro onde é possível fazer transbordo para outras linhas.
hoje, a cidade volta aos poucos à normalidade possível depois do que aconteceu. os autocarros prosseguem as suas viagens diárias, o metro volta à actividade (excepto nas zonas afectadas. muitas linhas estão paradas, mas outras têm serviço normal), os semblantes nas carruagens de metro estão mais carregados do que o costume, não há ninguém que fique indiferente. ao mesmo tempo, nota-se uma solidariedade e uma determinação invulgar em todos. a preocupação de voltar a ter business as usual nesta verdadeira amálgama de idiomas, nacionalidades e culturas.
a cidade acorda da paralisia de ontem. é importante que o faça. porque o medo é a principal arma dos terroristas.